Prefeito organiza o I Grande Concurso Público de Pum
Até o padre da cidade se inscreveu. A Justiça foi acionada e houve tumulto no final
Por Tácita Gomides e Gléssio Safanal
Um prefeito do interior mineiro organizou um Concurso Público de Pum em seu município. "Queremos fugir um pouco da rotina e alegrar melhor nossa população", justificou a autoridade. A notícia do "I Grande Concurso Público de Pum" agitou todo mundo, principalmente as crianças. Os prêmios seriam distribuídos por quatro categorias: peidos de adultos homens até 60 anos, peidos de adultos mulheres também até 60 anos, peidos de idosos dos dois sexos de 61 a 95 anos, e peidos de crianças e adolescentes. O Regulamento do Festival proibia rigorosamente que menores de 5 anos participassem do Evento. "Crianças menores de 5 anos ainda não estão preparadas emocionalmente para esse tipo de acontecimento", alegou um psicólogo, parente do prefeito e um dos coordenadores do certame.
Exatamente 3003 pessoas se inscreveram, inclusive o padre da cidade e alguns pastores evangélicos, motivados pelas altas premiações e incentivos antecipados. O primeiro colocado de cada categoria ia ganhar R$ 50.000,00. E o segundo e o terceiro R$ 40.000,00 e R$ 30.000,00, respectivamente. Como incentivos antecipados, cada concorrente recebeu 6 horas antes do torneio uma dúzia de ovos (com orientação para comerem cozidos), repolho, couve-flor, cebola, vísceras bovinas e mais um bônus de R$ 2,00 para o candidato comprar um ou outro alimento que provocasse "peidos fortes", segundo a experiência concreta de cada um. "Esses incentivos antecipados visam colocar todos os candidatos em pé de igualdade", declarou o médico clínico geral da cidade, também envolvido na organização do Evento.
O júri foi escolhido entre pessoas de uma localidade vizinha, para que a imparcialidade e justiça prevalecessem. "Aqui a justiça é que vai imperar", disse o juiz da cidade, também responsável pela organização do Concurso flatulístico. A esse aparato, foram providenciadas ainda máscaras a todos os que comparecessem ao local de aplicação das provas. "Queremos garantir a total democracia. Se alguém vier mas não aguentar a catinga, bota a máscara", disse o prefeito, já bastante entusiasmado com a adesão maciça a sua ideia.
No dia do "I Grande Concurso Público de Pum", quase toda a cidade a postos... Alguns candidatos mais nervosos já começavam a soltar alguns fininhos, antes mesmos dos fiscais autorizarem.
Mas chega um Oficial de Justiça com uma ordem para cancelar o Concurso. Um vereador da oposição havia questionado a constitucionalidade do Evento e conseguiu que um juíz da capital mandasse suspender tudo. Além da questão constitucional, o vereador alegou ainda que o Regulamento do Concurso era obscuro. "No Regulamento não está claro se as premiações seriam para quem peidasse mais alto ou para quem soltasse o peido mais fedido, isso cheira a armação", declarou o vereador. O edil parlamentar lembrou ainda que na cidade havia um senhor de 96 anos que era muito conhecido por peidar forte e fazer oposição ao eterno esquema político do prefeito. "Por que o Regulamento só permitia inscrições de idosos até os 95 anos?", indagou.
Nos autos do processo haviam indícios também de que houve superfaturamento de preços nas compras dos incentivos alimentares e das máscaras, e ainda que o júri escolhido estava programado para dar todas as premiações a pessoas do prefeito e da Coordenação do Concurso.
Revoltados, os candidatos que nada tinham a ver com a armação do prefeito e seus aliados começaram a peidar violentamente, causando reboliços na população. Alguns chegaram a desmaiar, diante de tanto fedor. Mas a polícia não precisou agir, pois logo todo mundo se dispersou, por conta da crescente catinga no local...
Procurado por nossa equipe, o prefeito disse apenas que: "Pô, não se pode nem mais tentar alegrar o povo! Isso é inveja da oposição, que não tem propostas lúdicas para a nossa cidade!
A Justiça da capital deu um prazo de trinta dias para que o prefeito e seus aliados possam se defender.
